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18 de jan. de 2013

Dossiê McDonald's: Obesidade, Escravidão e Batatas!!!

"Cuide de seus clientes e os negócios andarão por si sós"


Você conhece a música: Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles num pão com gergelim, é BIG MAC!


A Rede Mcdonald´s possui milhares de estabelecimentos espalhados por mais de 120 países em todos os seis continentes, com dezenas de milhões de clientes diários, é considerada a marca de restaurante mais valiosa do mundo, com valor estimado em 40 bilhões de dólares, e o preço de seu sanduíche principal, o Big Mac, é utilizado como ferramenta de uma pesquisa da revista The Economist, que visa mostrar o quão valorizada está a moeda de um país, no chamado Índice Big Mac.

Creio que já ficou bem claro o quão gigantesco é o poder de influência do Palhaço Ronald e seus amiguinhos, eu mesmo, há bem pouco tempo atrás, já fui um feliz e assíduo cliente, embora sempre tenha preferido o Cheddar Mcmelt ao tradicional e cultuado Big Mac.


Fui, não sou mais (ou não quero mais ser, estou em processo de desintoxicação em uma clínica de recuperação para viciados em Cheddar)!

Tenho lá minhas razões para abandonar minha fidelidade aos quase onipresentes arcos dourados, e tentarei explicá-las logo a seguir.

É um texto um tanto quanto longo (leia por conta e risco), e não se trata de uma cruzada para derrubar o maligno Mcdonald´s (sei que o lado obeso da Força não pode ser derrotado), afinal, no fim das contas, todos tem o direito de comer o que bem entenderem, seja brócolis, um bife acebolado ou até mesmo chumbo derretido, contanto que saibam perfeitamente os riscos que correm ao devorar seu Mc Lanche Feliz.

A Dieta do Palhaço


Em 2004, os Estados Unidos enfrentavam (e ainda enfrentam) uma "epidemia de obesidade" (eram cerca de 300.000 mortes anuais associadas), e um processo movido em nome de duas adolescentes contra a Rede Mcdonald´s chamava a atenção da mídia.

No processo, as duas adolescentes, a primeira com 14 anos, 1,60 m e 77kg, a segunda com 19 anos, 1,70 m e 122 kg, acusavam o Mcdonald´s (e sua comida) de ser o responsável pela obesidade e problemas de saúde que enfrentavam.

Normalmente um processo destes nem seguiria em frente, uma vez que as garotas não foram obrigadas a se entupir com hambúrguer e bata frita, mas o juiz considerou que se os advogados das adolescentes conseguissem provar que a intenção do Mcdonald´s é fazer com que as pessoas comam sua comida todos os dias e que seu consumo regular é perigoso para a saúde, elas poderiam ganhar a causa.

Sim, o impensável poderia acontecer, o Mcdonald´s seria obrigado a pagar por ter colocado em risco a vida de seus consumidores, entre eles, um grande número de crianças, atraídas pela propaganda com o palhaço Ronald e os brinquedos presentes no Mc Lanche Feliz.


Após seis meses de deliberações, o juiz arquivou o processo, alegando que as adolescentes não conseguiram provar que comer regularmente no Mcdonald´s foi a causa de seus problemas de saúde.

Surge então o cineasta Morgan Spurlock, que em seu documentário "Super Size Me", que aqui no Brasil recebeu o apropriado subtítulo de "A Dieta do Palhaço", buscava verificar os efeitos de se consumir regularmente a comida oferecida pelo Mcdonald´s.


Para isso, Spurlock se ofereceu como cobaia, estabelecendo as "regras do jogo".

Durante 30 dias, no café da manhã, almoço e jantar, ele só poderia se alimentar com produtos oferecidos pelo Mcdonald´s, e seria obrigado a pedir o "Super Size" sempre que uma atendente lhe oferecesse.

Além disso, para aproximar ainda mais o seu estilo de vida do típico estilo de vida norte americano (e de muitas pessoas ao redor do mundo), deixou de fazer exercícios físicos.

Morgan foi monitorado desde o começo por médicos, e após 30 dias, o resultado foi que ele engordou 11 kg, seu colesterol aumentou em 65 pontos, houve grande aumento de massa corporal, o risco de um infarto dobrou, teve dores de cabeça constantes, o fígado sofreu danos, teve disfunção sexual (sim, até isso), se sentiu cansado e deprimido na maior parte do tempo.

O cineasta consumiu em um mês, 15 kg de açucar e 6 kg de gordura, precisou de 14 meses para retornar ao peso que possuia antes do Documentário, e, embora seja evidente que as pessoas não se alimentam apenas com produtos do Mcdonald´s, é certo que muita gente consome seus lanches várias vezes por semana, o que, certamente, não é muito saudável.

Com a publicidade negativa decorrente do documentário, o Mcdonald´s reformulou seu cardápio e passou a oferecer opções mais saudáveis, mas sejamos sinceros, quem vai até uma lanchonete Fast Food para comer salada e pedaços de maça?







FUNCIONÁRIOS DO MÊS


Sabe aquele funcionário sorridente na placa de funcionário do mês do Mcdonald´s, pois é, talvez ele não seja tão feliz assim.

Além da correria que uma Rede de Fast Food impõe (caso contrário se chamaria Slow Food), os salários pagos são baixos, e quando eu digo baixos, quero dizer extremamente baixos.

Exagero, você deve estar pensando.

Não é exagero, é pior do que isso, os salários são tão baixos e em um regime de trabalho tão injusto para o trabalhador, que a Rede McDonald's foi convidada pela Câmara dos Deputados a dar explicações, em audiência pública, sobre os salários pagos e a jornada de trabalho dos seus funcionários, sendo acusada de ter política salarial "análoga à escravidão".

O Mcdonald´s paga os salários de seus trabalhadores de acordo com uma "jornada móvel e variável", o que impede o funcionário de possuir outras atividades, uma vez que ocorrem variações no início e no término do horário de trabalho, e este precisa ficar a disposição da empresa.

"Sabemos, por exemplo, do caso de uma pessoa que teve quatro horários de trabalho diferentes em uma mesma semana e outra que trabalhou mais de 35 dias seguidos sem folga"

Além disso, como a remuneração é feita por hora, com os intervalos (determinados pela empresa) descontados, muitos trabalhadores estariam recebendo menos do que o salário mínimo estipulado em lei.


O Ministério Público do Trabalho (MPT) de Pernambuco ingressou com uma Ação Civil Pública (ACP) na Justiça do Trabalho contra a Arcos Dourados Comércio de Alimentos LTDA, empresa que é franqueada da Mcdonald´s no Brasil.

Reunindo documentos e depoimentos de diversos trabalhadores, o MPT encontrou irregularidades como a Jornada de Trabalho Móvel já citada, a proibição de que os funcionários se ausentem da empresa durante o intervalo intra-jornada, e, até mesmo, a proibição de se comer outro alimento que não o fabricado pela rede no ambiente de trabalho.


"Se o trabalhador levar uma declaração médica, pode levar comida de casa. Essa proibição é um absurdo, porque a pessoa pode até mesmo não gostar de comer McDonald's"


Está certo que o sujeito não deveria aparecer no Mcdonald´s comendo um Whooper do Burger King, mas proibir o funcionário de se ausentar e só permitir que ele coma produtos do Mcdonald´s no ambiente de trabalho é um absurdo realmente, além de perigoso para a saúde.


Será que essa gente não assistiu "Super Size Me"?



BATATAS ETERNAS


Para encerrarmos essa nossa viagem pelo mágico mundo gastronômico do Mcdonald´s, que tal falarmos sobre a fórmula da juventude eterna, a tão desejada habilidade de não envelhecer.


Aparentemente, alguém no Mcdonald´s descobriu ela e decidiu aplicá-la nos lanches e nas batatas fritas, fazendo com que se tornem basicamente "imortais".

É o que demonstra o "Happy Meal Project", de autoria da artista plástica e fotógrafa canadense Sally Davies, que desde 2010, fotografa diariamente um hambúrguer e uma porção de batatas fritas do Mcdonald´s, ambos fora da geladeira, em temperatura ambiente.

A idéia era registrar o processo de decomposição dos alimentos, mas adivinha só? Não houve decomposição!

Agora, diretamente do Canal do Educador:

"Quem nunca encontrou um pão mofado ou uma banana com a casca escurecida e cheia de mosquitinhos dentro de casa? Isso é normal, pois os alimentos, ao ficarem expostos ao ar livre, sofrem processo de decomposição depois de determinado tempo."


A imagem ao lado mostra a foto tirada em 10 de abril de 2012, aniversário de 2 anos do projeto, percebam que pouca coisa mudou na aparência dos alimentos.

Segundo as palavras da fotógrafa:


“Eu pareço dois anos mais velha, mas para o hambúrguer o tempo não passa...continuarei fotografando o hambúrguer até que ele se desintegre, o que pode custar o resto da minha vida natural”.
Não sou nenhum especialista, mas batatas e carne, expostas ao ambiente, sem apodrecer? Não é lá o tipo de coisa que eu gostaria ou deveria comer, muito menos meu filho.

Agora, se depois de tudo isso, você me disser que sabe dos riscos e mesmo assim quer continuar a saborear o seu Mc Lanche, que o acha delicioso e que pouco se importa se ele tem toneladas de conservantes ou se vai detonar com sua saúde, então vá em frente, você é dono do seu nariz e do seu paladar.

Bom apetite! Sobremesa para acompanhar?

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