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29 de jul. de 2014

A Carta

''Um dia, na escola, como qualquer outro dia... Estava no horário da saída e as pessoas estavam tão afobadas para irem embora, que ninguém conseguia caminhar direito no corredor. Detestava aquilo. Entrei em uma sala, para esperar que aquela manada de imbecis saíssem logo, para que eu pudesse ir também sem ser pisoteado.

Quando olhei para o chão, encontrei um papel e peguei. Estava dobrado e meio sujo. Quando o abri, tinha um texto. Guardei no bolso e fui para o corredor. Desci as escadas e finalmente estava fora daquela escola – que secretamente apelidei de “antro infernal”. Já no ônibus, sem ninguém para ficar me torrando a paciência, desdobrei o estranho papel e comecei a ler.

''Ah, com relação a vocês, o Diabo teria mais piedade do que eu.

Para começar, costuraria a boca, para evitar gritaria. Lentamente eu lhes arrancaria todas as unhas dos pés, banharia em álcool e deixaria secar em sal. Repetiria o ato em suas mãos, mas ao invés deixar secar, pregaria seus dedos na parede com marteladas generosas e pregos enferrujados. Extrairia dente por dente e caso me desse vontade, arrancaria o nariz ou deslocaria o maxilar.

Ah, relacionado a vocês, o Diabo teria mais piedade do que eu.

Com ácido sulfúrico, derreteria as raízes do cabelo, sem deixar sobrar um fio... Ah, é verdade, sequer sobraria couro cabeludo. Se homem, martelaria os testículos e o penetraria com um cabo de vassoura cheio de areia. Se mulher, colocaria agulhas em sua vagina e ânus. Serraria os pés e após fazê-lo, o desmembraria na frente do torturado, para o seu deleite. Aquela face incrédula me excita.

Ah, relacionado a vocês, o Diabo teria mais piedade do que eu.

Com uma boa faca de carne, tirar-lhes-ia a pele, desde os ombros até as coxas. Se o rosto fosse muito bonito, também cortaria as bochechas fora. Penduraria de cabeça para baixo, feito um porco... Afinal, eles não passavam de porcos imundos. Tratar-lhes-ia desta forma. Daria restos aos cães, deixando que o torturado o visse, enquanto a hemorragia o levaria ao óbito.

Ah, nem mesmo o pior dos seres faria o que fizeram comigo... Acho que vocês iriam preferir encarar o Diabo ao invés sentirem a minha ira.
Deleitar-me-ei com o sofrimento de vocês, exatamente como fizeram comigo.”

Depois de terminar de ler, fiquei imaginando que tipo de retardado teria escrito aquilo. Amassei e joguei pela janela, aos risos.

No outro dia, a polícia deu um garoto do ensino médio como desaparecido e a escola estava uma completa bagunça. De semana em semana, um aluno desaparecia...

Passado um mês, encontraram os corpos dos desaparecidos em um galpão não muito longe da escola. Todos pendurados de cabeça para baixo...''

Créditos: Melancolia Amarela

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