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- Muito bem. Merecia morrer. Estou prestes a me afogar em chá... em minha ignorância! - esses foram os últimos gritos do Chapeleiro.
Tudo tremia. Parecia o Fim do Mundo. Alice se desesperara. Perdera o Chapeleiro. O que faria? Onde estava o gato de Cheshire? Como ela sairia dali? Ela olhou para cima, e viu o teto vindo em sua direção...
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- Pesquei uma bela ninfa de rio.
- Louvado seja. ELE atua de forma misteriosa. Tem planos para ela?
Alice estava ouvindo as vozes e abriu os olhos. Estava encharcada. Olhou o céu noturno. Havia uma leve chuva caindo. Ela olhou para o lado, e lá estavam, dois pescadores gordos olhando para ela, com certo "desejo".
- Leve ela até Sereia Mangled. Alugue uma cama. - disse um deles.
- É complicado namorar numa briga. - refletiu o outro.
- É natural. Eu gosto.
Alice se levantou, irritada e com nojo.
- Não é natural para mim. Saiam!
Ela os afastou de sua frente com um empurrão, e saiu andando dali. Alice começou a estudar o lugar. Não estava mais no País das Maravilhas. Estava novamente em Londres. Ela estava num porto pesqueiro. Havia alguns homens corpulentos gritando e cortando peixe. Ela saiu do porto, e voltou as ruelas de Londres. Na primeira esquina, avistou a mencionada Sereia Mangled. Era um bar, com quartos de hotéis nos andares de cima. Havia dois homens barrando a grande porta da frente.
Alice deu a volta, e, antes de chegar na porta dos fundos, ela viu uma mulher gorda na janela do terceiro andar, gritando com um homem na rua.
- Onde está meu dinheiro, seu idiota? - gritava a mulher.
- Tire essas putas de bundas gordas das ruas, ou eu mesmo tirarei. - respondeu o homem.
- Cai fora, arrogante. Você nunca irá passar por Tim Long!
- Pegarei o que você e suas putas me devem, sra. Joaninha. Você verá!
- Talvez tenha notado que não tenho medo algum de você.
Ele se afastou, e dobrou a esquina. A mulher olhou para Alice.
- Alice! Venha, preciso falar com você. Traga essa cabeça confusa aqui. Venha pelos fundos.
Alice contornou. Passou pela porta. Havia um homem desmaiado. Devia estar quase morto de tão bêbado. Ela passou pelo bar. Vários homens mexeram com ela. Alice subiu as escadas, e se dirigiu ao quarto de onde ouvia a voz da sra. Joaninha.
- Se não me der o que eu quero, vou queimar toda a casa e colocá-la no chão.
Era a voz daquele homem que discutira com a sra. Joaninha. Alice entrou no quarto, e viu o homem com o pé no peito da sra. Joaninha, num canto. Ela choramingava.
- Vá embora. Ela não fez nada! - interpôs Alice.
- Ela me magoou muito. - disse o homem.
Ele jogou uma mesa no chão. Aproximou-se de Alice e deu-lhe um soco na cara, e foi embora. Alice ficou tonta... tudo estava virando de ponta cabeça... um pequena chama se espalhava pelo assoalho... e então apagou.
Ela sentiu arrepios. Um vento forte acertava-lhe. Ela se sentia como um cometa. Não conseguia ver onde estava caindo. Ela aterrissou lentamente no chão; e então se surpreendeu com o local.
Um vento frio batia em seus membros. Uma lua pálida rodeada por auroras boreais tornava o céu esplêndido. Havia algumas estrelas pendidas no chão. Pareciam estrelas-do-mar. Não podia ser.
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Alice andou muito, com algumas instruções vindas "do além", pensava ela. Havia alguns lagos, e de lá saíam muitos peixes enormes, porém, haviam pernas.
Eles eram rápidos. Faziam um barulho estranho, parecido como o de um cavalo correndo no mato. Ela teve que matar dois desses peixes. Um deles, havia tentado devorar ela, e o outro escorregou numa geleira e caiu em cima dela.
Algumas vezes, Alice ouvia a voz de seu psicólogo na cabeça. Algumas vezes dizia coisas que faziam sentido, porém, algumas vezes mal entendia alguma palavra. Essa havia sido o lugar mais estranho já presenciado por Alice. Ela não conseguia ver sentido ou sinal algum naquele lugar. Era como estar deitado na cama tendo dificuldades para dormir.
Ela chegou num desfiladeiro rodeados por icebergs e garrafas afundadas pelo gelo. Ela então avistou uma grande garrafa com um barco de madeira dentro dele. Ela lembrou na hora de uma maquete como aquela, no seu antigo quarto.
Ela ouvia seu nome. Ela foi se aproximando. Seu nome ia aumentando. Ela chegou ao lado da garrafa, e viu que estava trincada. Ela entrou por uma fresta e viu que o barco estava tripulado. Por uma pessoa. Uma pessoa? Não, mas alguém que ela conhecia bem, ou não...
Tartaruga Falsa. Alice sentiu a garrafa toda tremer. Ela olhou para trás e havia um peixe mecânico enorme batendo com a cabeça contra a lateral da garrafa.
- Melhor vir a bordo, Alice. - disse ele - Estamos condenados, é claro,
- O que? Não há esperança?
- Oh, há uma infinidade de esperanças, mas nenhuma para nós! Suba logo!
Já eram 4 peixes tentando quebrar o vidro. Um deles abriu um buraco maior e ficou preso nele. Um pouco mais e estaria dentro da garrafa. Os outros três continuavam batendo violentamente.
- Malditas bestas. Elas querem meu barco - gritou a Tartaruga.
- Porque não acaba com eles?
- Nunca! São quase meus parentes!
- Para eles, você não passa de um pedaço de carne.
- Eu tenho uma ótima ideia. Vamos nos afastar dessa algazarra e ir ao espetáculo do carpinteiro. Ele prometeu que não há como levar graves danos e não vai nos machucar.
- Melhor velejar agora, Almirante, ou seremos o almoço dos tubarões.
O vidro se rachou. O barco balançou e começou a descer o lago gelado. Ondas batiam com força nas laterais do barco. Alice tremia com a água gelada encharcando-a. Eles eram jogados para cima e para baixo. Eles se depararam com uma cachoeira gigante. O barco foi puxado...
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O navio batia em pedras enormes. Peixes desviavam ou se despedaçavam contra o navio. ELe estava naufragando. Ele descia como um cometa para o abismo do rio.
Alice se levantou. Apesar de estar no fundo de um rio inacreditavelmente muito fundo, ela ainda conseguia respirar. A água estava clara lá embaixo.
- Uau - se assustou Alice - Meu corpo todo dói. Naufragamos muito rápido.
- O navio está quebrado, e eu também - lamentou-se a Tartaruga.
- Almirantes afundam com seus navios... Espera, não sabia que era marinheiro. Se não me falhe a memória, você foi chefe da estação da linha do espelho.
- Saqueado na ferroviária sem opção. "Redundante", disse, os imbecis. Nunca há férias, fiel como um bulldog. Desastre sangrento. A velha estada ferroviária está morta, e essa nova coisa é uma aberração. O que eu não sei não pode me machucar. Não digo mais nada. É o código do silêncio. - a Tartaruga falava com a voz trêmula - Vamos mudar de assunto! Evite falar sobre ele, aquele cujo nome não deve ser dito.
- Ouvir algo útil sobre esse novo trem, mudaria alguma coisa? - perguntou Alice.
- Você não respeita o sentimento dos outros. Vá fazer perguntas e comentário a Lagarta.
- Sinto muito Almirante. Mesmo, por favor... diga-me o que sabe sobre o trem.
- Direi apenas que fugimos de uma corrupção contaminante. Considere-se sortuda por estar aqui.
- Mas não quero fugir. Quero detê-lo. Devo detê-lo para salvar a mim e também o País das Maravilhas.
- Absurdo... Tolice. Distração é a norma do dia. O show tem que continuar. E falando em shows...
- Não é isso - interrompeu-lhe Alice.
- Sim. Bem, não importa. Esta entrada é para o espetáculo do Carpinteiro. Use-a. - a Tartaruga deu-lhe um papel do tamanho de um envelope de carta. Nela estava escrito em letras curvas "TOTENTANZ".
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Alice passou por dezenas de corais, conchas e outras coisas marítimas. Aquele rio era imenso demais para ser apenas um rio. Aquilo deveria ser um oceano. Alice sentiu uma dor e arrepio como se um raio a tivesse atingido. Ela ouviu a voz de sua mãe, e então ouviu sua própria voz em sua cabeça... "Eu era a última na biblioteca na noite do incêndio. A lareira que queimava estava apagada quando fui para a cama. Eu não poderia ser a responsável pela morte de minha família..."
Ela chegou numa área com construções. Parecia Londres. Uma cidade subaquática. O vale fedia a peixe. Em cada casa, havia pedaços de algas e conchas. Criaturas bizarras com pernas e braços finos com cabeça e corpo de peixe, passavam por ela o tempo todo. Havia alguns informes em letras lascadas dizendo algo sobre teatro. Ela lembrou de seu ticket, e viu que os nomes eram similares. Ela então seguiu vilarejo acima.
Seus braços estavam quase a ponto de virar nadadeiras quando ela conseguiu chegar a um salão enorme. As letras da enorme entrada, estavam descascadas e faltando, por tanto tudo que ela conseguiu ler foi "Teatro". Já estava ótimo.
Ela entrou lentamente. Havia duas escadas douradas. O teto era imensamente alto. Havia um homem-peixe com uma cartola parado no pé de uma das escadas. Ele olhou para Alice, porém a ignorou. Nada disse. Entre as duas escadas, havia uma porta com algumas cortinas vermelhas. Alice foi até lá e se surpreendeu. Do outro lado havia um enorme palco de teatro. Cortinas vermelhas e douradas desciam de uma base até o chão. O teto era aberto, com cordas e hastes, parecido com a armação a velas de um navio. Algumas conchas coloridas enfeitavam o lugar.
Um homem de cabelo vermelho, com um saiote que parecia um avental, e com um martelo enorme na mão saiu de trás das cortinas. Alice logo o reconheceu. O Carpinteiro.
- Ah, Alice. Prazer em revê-la, minha querida. Sua chegada é muito "afortunada". - disse ele.
- É sério? Eu... nem sabia...
- Não importa. Meu show está prestes a explodir... Só preciso de alguns detalhes, com sua ajuda.
- Não tenho muita experiência, mas preciso reconstruir meu...
- Vamos trocar - interrompeu-lhe o Carpinteiro - Eu tenho uma chave de fenda, quase nova, ou um belo martelo, se te interessar...
- Há um trem corrompendo o País das Maravilhas e estou procurando ajuda para detê-lo ou destruí-lo.
- O mais vexamante, sem dúvida. Vamos cuidar desta monstruosidade já, digo quando der. Agora, vamos falar de assuntos mais importantes. Devido a uma confusão 'logistérica', alguns requisitos para o show devem ser unidos. Você tem que ir pegar o magnífico roteiro. O escritor é excessivamente imaginativo e estuda vários finais. Depois, você precisa sentir a música e o tom do espetáculo. E, finalmente, conhecer as nossas estrelas, as gostosas... quero dizer, as artistas do espetáculo. Agora vá. Você deve ir. A essencialidade da pressa é essencial.
- Não parece que você está pronto para o show - disse-lhe Alice - Porque você mesmo não reúne essas coisas?
- Um diretor faz os preparativos, a organização, ajuda nas demais necessidades e assim por diante. Agora pegue o script com o escritor, e então podemos debater, gritar ou lamentar se for o caso.
- O escritor é rabugento?
- Para um personagem com reputação ilustre? Serei nacionalmente envergonhado. E a propósito, ele é um polvo. Essa é sua vida. Vá pela escadaria do Tenor. Pra você que está confusamente lerda, é aquele senhor peixe de chapéu lá fora.
Ela voltou pela porta de corinas, avistou a escada do peixe, e subiu. Havia apenas um único corredor e uma grande porta no final dele. Ela entrou, e uma pequena escada de madeira a levou para uma parte fora do teatro. Era novamente o lago. Pedras, algas e uma caverna com alguns polvos entalhados ao redor. Meio óbvio, pensou ela.
Ela se dirigiu até lá. Dezenas de conchas espalhadas pela caverna. Algumas águas-viva passeavam pelo lugar.
- Este lugar cheira a destilaria. Com um pouco de mau hálito e urina - comentou ela.
- É a essência de um gênio não reconhecido. SAIA! - ela procurou, e perto dela havia um polvo laranjado. Usava uma minúscula cartola.
- O Carpinteiro me enviou.
- Pra começar, o Carpinteiro é um covarde, idiota, mesquinho e incompetente.
- Pode ser. Mas ele quer o script. Eu preciso...
- Dane-se suas necessidades. Quero uma bebida, e daí? Quero os responsáveis pela minha falência. Quero saber o que é o amor, mas o mundo está em silêncio. Agora preciso de uma dose de esconde-esconde. Encontre-me três vezes, e faremos um acordo.
Ele impulsionou-se e sumiu para o fundo da caverna.
- Uma vida se escondendo lhe deu vantagens. Mas ele não pode esconder sua forma de se mover. Escrever é a profissão certa para um polvo. Nunca fica sem tinta.
Alice se assustou, e viu de relance Cheshire.
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Não perca no próximo capítulo: O show do Carpinteiro, o esconde-esconde do polvo...
No começo quando ela entra por trás do Mangled Mermaid, o homem não estava caído no chão por estar bêbado, se observar bem, o Jack (Homem que estava discutindo com a mulher) enfiou um cutelo na barriga dele.
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