Alice... A jovem e meiga garota que se aventura pelo País das Maravilhas. Foi uma aventura e tanto não? Para ela, foi no mínimo esplêndido conhecer os moradores do ilustre país. Mas, agora com 16 anos, amadurecida, como encara o fato de ter amadurecido e visto que sua estadia no País das Maravilhas, não passou de uma brincadeira em sua mente de uma criança sem amigos? Sendo, que passou a perceber que para cada habitante do País das Maravilhas, ela havia algum brinquedo que podia ser relacionado a eles?
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Asilo Rutledge, Londres. É onde está institucionalizada nossa querida Alice, com 16 anos de idade. Faz 5 anos que sua família foi morta num incêndio (seus pais e sua irmã, Lizzie). Ela vem sido atormentada por si própria com a ideia de que foi ela quem causou o incêndio em sua casa. Ela está sob os cuidados do Dr. Angus Bumby. Um psiquiatra que utiliza hipnose para ajudar pacientes e crianças a esquecer memórias dolorosas e traumas prejudiciais.
Bumby, que é como todos chamam, é um homem de boa aparência, apesar do tipo de emprego que possui. Sempre de terno marrom ou azul escuro. Em suas seções com Alice, sempre levava uma boneca com um relógio na barriga, pois dizia que para cada problema, havia um método diferente para ajudar na hipnose.
Alice, foi internada em Rutledge devido ao seu tormento pela culpa de ter incendiado a própria casa tendo causado a morte de toda a família, e após tudo isso, ter tentado cortar os pulsos, e tornar-se totalmente insana. quase matou um garoto num orfanato (antes de entrar em Rutledge), sendo presa com camisa de força durante todos os dias, até ser encaminhada para Rutledge.
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Alice está rodando pela velha casa de madeira de Rutledge, logo após uma seção com o Sr. Bumby. Foi uma das seções mais estranhas que tivera até agora. Ela viu, em sua cabeça, seu antigo amigo Coelho Branco, conhecido em sua infância no ilustre País das Maravilhas.
Depois de passar por crianças com expressões "marrentas", e atormentando ela, Alice vai até a porta da frente e sai para a rua. Caminhos estreitos rodeados de comércios e casas. Uma bela Londres do século XX. Ela andou cerca de 3 quarterões até encontrar um gato branco.
- Vem cá, vem - chamou ela suavemente.
O gato hesitou.
- Não tenha medo... Vem...
Ele se aproximou, esfregou sua cabeça na perna de Alice, e correu ruela abaixo. Alice o seguiu, quando chegou na esquina, o procurou, e o viu teoricamente esperando-a, balançando o rabo. Ela continuou seguindo. No caminho, observava comerciantes ilegais tentando vender suas mercadorias. As ruas foram ficando mais estreitas e mais escuras, apesar de estarem no meio de uma tarde quente de sol.
"Acho que seguir animais no escuro já está virando rotina para mim", pensou Alice.
O gato some. Alice começa a ficar preocupada, olhando a sua volta. Ela percebe que está num cruzamento de ruelas, porém deserta. Ela sente alguém cutucando suas costas e se vira. Uma velha senhora.
- Minha bela Alice, o que faz aqui pelos confins do crime?
- Sra. Wittles. Que sorte lhe encontrar aqui.
Elas começam a caminhar, saindo dali. Alice acompanha a velha senhora até a laje de uma alta casa (cerca de 4 ou 5 andares).
- Ainda confusa, não é de se estranhar - dizia a senhora - Sua pele queimada diante de seus olhos. Dez anos no psiquiátrico de Rutledge foi perda de tempo para todos. O doutor Bumby não vai te curar. Ainda carrega esta questão. O incêndio, suas lembranças...
Alice observa a degradada Londres. A noite começava a cair. A Sra. Wittles estava cuidando de alguns pombos, até que Alice se aproxima dela.
- Sra. Wittles vai me fazer mal? Vai me mandar de volta ao psiquiatra? - pergunta Alice.
- Não garanto não. Tenho sede de que você poe intrografar. Quero beber. - a velha senhora começou a ficar com a voz esganiçada... - minha garganta está seca...
A senhora virou de costas para Alice, e virou logo em seguida, com duas asas pequenas e uma cara deformada, com dentes afiados, olhos de morcego e chifres finos e longos. Estava sonhando? Talvez...
Alice se apavorou... A criatura se aproximava dela. Tudo que conseguia fazer era dar alguns passos para trás... O que era aquilo? O chão começa a rachar sobre os pés de Alice. A dúvida puxava na cabeça dela: devia se preocupar com a criatura, ou com o chão desabando?
Ela começou a cair rapidamente. Parecia um túnel azul-neon. Vários objetos passava sobre ela... Relógios... Engrenagens... Camas... Dados... Sofás... Pires... Cartas de baralho... Logo o cenário muda, e ela passa por galhos com cabeças penduradas na ponta de cada galho. Ela chega no vazio do túnel...
Alice começa a rodopiar suavemente. Árvores imensas a rodeava. Montanhas e vales. Algumas peças de dominó pendiam suspensas no ar. Ela pousou ao lado de um pequeno riacho. Ela estava agora num lugar cheio de vida, cores e sons.
- Uma viagem perturbadora. Mas me livrei da Pris... ou do que ela virou.
Perto dela, numa pedra, estava um pousado um pássaro. Mas não era um pássaro comum. Sua cabeça era de uma... Vaca? Ela achou melhor não se importar com isso. Ela olhou ao redor, e seguiu uma das trilhas. Ela vai acelerando os passos conforme anda. Uma voz sussurrou na cabeça dela "Você tem algo de sapo, Alice. Você pula muito bem...". Ela conhecia aquela voz. Parecia a de sua mãe. Ela ignorou e continuou andando. Ela não consegue não se distrair quando chega a uma cachoeira. Porém, essa cachoeira, era a estátua de uma garota chorando, com as mãos no rosto; a água escorria pelos seus olhos e atrás da cabeça.
Só então Alice percebeu que se encontrava andando numa trilha de dominós gigantes. Ela passa o caminho dos dominós, e salta de um pequeno morro. Ao cair lá, se depara com outro riacho. E novamente, a voz fala em sua cabeça "Se voltar a pular da mesa, Alice, vou dar um troço. Você é tão imprudente, minha querida". Sua cabeça parecia girar. Ela voltou a si e continuou seu caminho. Não demora muito até ela chegar a um riacho com a água de cor púrpura. Ela olhou para o alto, e havia uma garrafa gigante de onde escorria a água roxa. No bico, sua etiqueta Beba-me.
- Eu já estive aqui... As coisas boas estão nos melhores frascos? - se perguntou ela.
Ao lado de Alice, estava um gato. Ao menos parecia um gato. Enorme (quase da altura de Alice). Parecia estar passando fome, pois estava muito magro. O gato tinha uma cor azulada. Difícil definir. Mas ela pôde reconhecê-lo. O Gato de Cheshire (ou gato risonho).
- Embora você não queira tomar banho, aconselho você a mergulhar nessa cachoeira. - disse ele, com uma voz um tanto sombria, comparado ao antigo Cheshire.
Ela se aproximou da queda d'água e passou as mãos.
- Meu Deus! Estou encolhendo. É muita poção... Será que vou sumir? - perguntou ela ao gato.
- Quase. Mas o bom é quanto menor você for, melhor poderá enxergar coisas que não poderia ver.
O gato sumiu. Ela olhou seu redor, e continuou em frente. Logo ela percebeu o que o gato quis dizer. Lá estava um enorme paredão de pedras bloqueando o caminho. Nada além de uma pequena fresta aberta no rodapé da parede. Graças a poção, ela conseguiu passar. Era um pouco estranho o caminho. Porém limpo. Ela passou por diversos cogumelos gigantes, colossais peças de dominós, riachos de águas com cores...
Ela parou quando viu um caracol gigante, ao lado de uma lesma gigante. Ela enxergou um pequeno buraco de fechadura na pedra ao lado deles, e entrou. Essa caverna era idêntica a primeira que passou. Quando chegou ao final, se deparou numa pequena tenda, cheia de dados empilhados um nos outros. Ela passou por eles, e voltou a floresta. O caminho estava ficando mais escuro. Mais pedras e menos verde...
Alice encontra vários pássaros-vaca no caminho. Sua trilha a leva para um lago vermelho escuro. Estáno topo de um precipício. Uma cachoeira de um rio vermelho. Seria sangue?
Alice é obrigada a andar pelo lago raso, e comprova. É realmente sangue. Mas não é um sangue comum. Não é tão pegajoso quanto o comum... Mas ela não estava afim de investigar. Correu cerca de 100 metros até sair do lago, e se deparar com um esqueleto de dinossauro no chão. Deitado. Espatifado. Quando ela se aproxima, o gato Cheshire surge novamente...
- O que eu vou lhe dar, é algo afiado... Sempre pronta para servi-la. - disse o gato.
Ele olhou para trás, e pegou uma faca e entregou para Alice.
- Eu não voltei aqui para lutar! - decidiu-se ela.
- Sério? Uma pena! Assim não vai achar o que procura. - O gato deu mais um sorriso, e sumiu novamente. Deixando Alice ali sozinha com uma faca ensanguentada. O que ele quis dizer com aquilo?
Ela continua andando, sem ter mais escolhas. Passa por um estreito de árvores, e se depara com uma fumaça negra saindo do chão. Não demorou muito e a fumaça foi tomando forma. Se levantando. E lá estava, uma criatura da altura dos joelhos de Alice, gritando aberradamente.
Ele começou a andar em sua direção. Ela tentou contorná-lo lentamente, porém ele se adiantou em sua frente. Ele não ia deixá-la passar. Ele pulou pra cima dela. Alice o desviou com um tapa, e, sem perceber, já estava com a faca na mão, apontando-a para a criatura. A criatura deu mais um grito, e correu para Alice. Ela puxou a faca para trás, e fincou-a na cabeça da criatura. Ele se debateu, gritou, tentou esticar os braços até Alice, e então se desvaiu em fumaça negra. Alice estava apavorada; pegou sua faca no chão e continuou. Dessa vez, ela não guardou a faca...
Ela avistou do outro lado do caminho uma caverna. A única passagem. Só então Alice percebeu que já estava em seu tamanho normal. Mas e se precisasse ficar minúscula novamente? Não tendo resposta, continuou em frente.
A voz do Dr. Bumbly veio na sua cabeça 'O propósito de uma flor é simples e imutável. O do ser humano é caprichoso porque é escravo da memória. Devemos controlar as lembranças severamente. E eliminar as improdutivas, Alice". Novamente ela se sentiu tonta, então voltou a si e continuou em frente. Já estava fora da caverna. Várias flores azuis a rodeava.
Depois de quase cansar de correr, ela encontra uma casa aberta tomando todo o caminho. Nela, uma mulher enorme. Alta e gorda. Um chapéu com formato estranho. Cozinhando em um caldeirão.
- Ah, você de novo, Alice. Aproxime-se. - disse a Duquesa.
- O que está fazendo? Vai me comer? - perguntou Alice.
- É, você me ensinou boas maneiras e eu perdi o gosto pelas loucas, sigo uma dieta de carne de porco. Todos nós sabemos que bacon é bem melhor, não é... Claro que sim. Mas existem focinhos de porcos espalhados por aí. Eu vi alguns atrás da casa. Traga-os para mim. Cuidados com as moscas. - mandou a senhora.
Alice hesitou. Queria negar, mas se aquela mulher resolve-se novamente quer comer ela, não se daria bem. Quem sabe pudesse pedir alguma ajuda sobre aquele lugar? Ela observou um nariz de porco que estava numa mesa de madeira, e atravessou o cômodo, e saiu pela única porta. Estava novamente na floresta, seguiu em frente, e várias moscas do tamanho de pratos atacou ela. Sua faca estava rendendo um ótimo trabalho contra aquelas coisas. Lá estava. Atrás de uma peça de dominó da altura de Alice, um focinho de porco do tamanho de uma panela saltitando.
Alice se aproximou lentamente, tentou agarrá-lo, e ele saltitou longe dela. Ela observou o lugar, e enxergou três focinhos iguais aquele. Ela investiu para perto de um deles. Chegou lentamente, e fez um corte com sua faca. Ele ficou louco, e saltitou até a cozinha da mulher. O mesmo aconteceu com os dois restantes. Alice, então, voltou para a cozinha da mulher.
- Obrigada pelo focinho. Agora vá embora!
Alice ficou inconformada. Então uma voz novamente veio em sua cabeça... Dessa vez, era do gato de Cheshire "Abandone essa esperança. Uma nova lei reina neste País das Maravilhas, Alice! Aqui, a justiça é muito severa. Nós estamos em risco aqui. Prepare-se... se proteja!". Ela se endireitou, e avistou um pequeno buraco na parede, perto da porta de trás da cozinha. Ela olhou para a cozinheira, e ela apontou com a cabeça para Alice. Ela assentiu. E vira o problema. Ela já não estava mais minúscula.
"Basta se concentrar..."
Sem pensar, a única coisa que prendeu em sua mente, foi o desejo de ficar pequena. Quando se deu conta, estava no pé da Duquesa. Alice correu até o buraco. Estava novamente na floresta. Ela atravessou peças de dominós, riachos, árvores, arbustos espinhentos...
Em seu caminho, ela lutou com umas 8 ou 9 criaturas (das mesma com qual ela estreou sua faca). Perdera a conta. Ela chega num grande desfiladeiro cercado por cachoeiras. Apenas um caminho de dominós gigantes era sua escolha. Cada peça encontrava-se a cerca de 1 metro de distância um do outro. Ela conseguiu enxergar vários globos de neve no pé das cachoeiras. Porém impotentes.
Ela passa por alguns desfiladeiros de pedras, e paraliza no lugar. As montanhas em sua frente começam a desabar. O ar fica quente. E percebe a lava respingando enquanto as pedras caem no mar de lava. Gêiseres de lava ficam ativos entre as pedras restantes. Assim que começa a subir nas pedras do hostil terreno, a cor vermelha toma reflexo. Ela estava suada demais, mas nada podia fazer; tentou ficar minúscula, mas apenas piorou a situação. Continuou em frente com seu tamanho natural...
Quando finalmente conseguiu atravessar o curto, porém hostil, terreno dos gêiseres de lava, encontrou mais duas criaturas "das sombras", que era como ela os denominava-os para si mesmo. Desta vez foi fácil, bastou apenas empurrá-los para a lava (ela se sentiu superior e satisfeita após o feito).
Ela escalou um pequeno morro de pedra, e continuou. Se enroscou em algumas árvores com espinhos do tamanho de um carro, mas estava tudo bem. Olhou para a trilha abaixo, e viu uma pequena "criança", se assim podia dizer, ao longe sorrindo e balançando a cabeça. Alice tentou se aproximar. Ela começou a andar com passos apressados, e sumiu da vista de Alice... Ela virou uma esquina de pedras, e encontrou uma "praça", ao estilo País das Maravilhas sombrio. Desértico, duas "criaturas das sombras", e o que parecia uma banca de feira do outro lado...
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CONTINUA... NÃO PERCAM...
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